Odeio o silêncio. Talvez seja das coisas me mais me assusta. Tenho de assumir esta fobia com toda a frontalidade, fobia do silêncio, segundo consta é uma coisa tão rara que não sei o nome em português, descobri o nome em inglês e espanhol. Existe uma crónica do Miguel Sousa Tavares que fala do silêncio: " Porque nada é mais íntimo e mais indestrutível do que o silêncio partilhado. Tudo o resto são apenas palavras, sons frases, coisas que qualquer um pode dizer. Podemos desdizer hoje o que dissemos ontem, podemos gritar hoje, por ódio, o que ontem segredávamos por amor. Mas o silêncio fica porque nunca mente, porque é tão íntimo que não pode ser representado, é tão nvolvente que não pode ser rasgado. Cada um deles faz por desejar a salvação própria, mas, acima de tudo teme a salvação do outro. O silêncio é o que lhes resta, o que os une, uma finíssima película de tempo suspenso, para além da qual não há mais nada do que a escuridão dos abismos".
Bonito, não? No outro dia, alguém muito importante para mim, dizia-me que mais valia estar calado do que dizer disparates, continuo a preferir falar, não gosto das coisas que ficam por dizer, por mais parvas que sejam. Aquilo que fica por dizer mais tarde ou mais cedo transforma-se num minotauro, que se vai alimentar do silêncio.